quarta-feira, 26 de março de 2008

Você percebe que está ficando velha quando...

...o amigo do seu irmão te pergunta:

- Quando você estudava no Cotemig você tinha aula de Linux?

E antes de você pensar em responder seu irmão interrompe:

- Claro que não, na época dela Linux nem devia existir!

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Existia sim. ._.

segunda-feira, 17 de março de 2008

Choveu, eu não saio.


Ninguém entende o fato de eu não sair na chuva. Dizem que é frescura, que não sou de açúcar, que eu devia parar com isso. O fato é que não é tão simples. Existe uma força maior que controla minhas saídas quando o tempo fecha. E da última vez não foi diferente.

Sábado, pouco antes de eu sair, começa a chover. Fosse qualquer outra circunstância, eu trocaria de roupa, colocaria o pijamão de volta e ligaria o dvd. Mas era o show do Interpol, e eu resolvi ir contra os meus princípios e sair assim mesmo.

Tudo começou na portaria do meu prédio. Peguei a única sombrinha que achei e desci sem conferir. Quando eu abro, noto que está com um lado arrebentado. Mas não tinha outra solução, então lá vamos nós com um dos lados balançando o tempo inteiro. Até então tudo bem, chegava a ser engraçada a situação, até porque estava chovendo pouco, ela estava aberta por pura opção. E eu fui caminhando e cantando rindo daquilo até o ponto do ônibus.

No meio do caminho, a chuva resolve mostrar o que é água. A chuvinha se transformou num toró absurdo, e ainda faltavam uns 4 quarteirões imensos até chegar no ponto de ônibus, além de atravessar a Av. Pedro II, que estava alagada. Depois de muito custo, consegui alcançar a esquina do ponto de ônibus. Só faltava atravessar. E antes de concluir o trajeto de uma calçada à outra, eis que meu querido ônibus passa, dando um tchauzinho e rindo da minha cara. Respiro fundo, mantenho a calma, e chego no ponto, dois segundos depois.

No tal ponto, além da chuva torrencial, me faziam companhia um casal num guarda-chuva colorido imeeenso e uma senhora cheia de sacolas. Pensei na sorte do casal e no azar da sacoleira, e achei que eu tava no limite dos dois. Só achei. Foi quando senti um pingo muito gelado escorrer do alto da cabeça até as minhas costas. Olhei pra cima e lá estava ele: um rasgo no meio da sombrinha, pequeno, mas grande o suficiente pra me molhar. Pingos que batiam nos lugares mais aleatórios da minha cabeça, e sempre escorriam. Meia hora depois, o ônibus finalmente chegou.

Entro no ônibus e abro a bolsa pra procurar a carteira. Cadê? Não estava lá. Sorte que eu guardo dinheiro em vários compartimentos separados, assim tinha dinheiro o suficiente pra pagar passagem e passar a noite. Mas não tinha nenhum documento. NENHUM. Ou seja, no documento = no show. Pensei até em descer do ônibus e voltar pra casa, buscar e esperar o próximo. Mas pensei melhor e é lógico que eu não ia fazer isso, senão eu não saía de casa mais. Aí deixei pra pensar nisso quando chegasse lá. Paguei a passagem e atravessei a roleta.

Só tinha um lugar livre: fundo do ônibus, entre a Djavan e uma mulher evangélica. Fui assim mesmo. A Djavan* exalava um perfume de cola+maconha, e a evangélica ficava me olhando.

Devidamente acomodada (e usando minha técnica de não respirar), comecei a pensar no que eu ia fazer com a minha carteira. Liguei pra minha mãe e, com todo o drama possível, contei pra ela a minha triste história.

- ... aí mãe, será que rola de você levar lá na savassi pra mim?
- Nossa Érica (who?) , mas eu tou indo pra missa agora!
- Tem problema não, você leva depois da missa.


Na hora que eu disse a palavra missa, a tal evangélica me olhou de cima a baixo, fez uma cara de horror, levantou na mesma hora e foi sentar num lugar que tinha vagado na frente. Não entendi a reação dela, mas achei melhor, pelo menos eu só ia ter que aturar uma.

No meio do trajeto (que não é grande, mas que na chuva fica infinito), passa pela roleta um ex-amigo indesejado. Enquanto eu repetia o mantra "não me veja, não me veja", peguei o celular e fingi que estava conversando com alguém. Sempre funciona. Ele não me viu e sentou bem antes. E o lugar do meu lado continuava lindo e vazio. Quando entrou um senhor e resolveu ocupá-lo. Nada contra o senhor, mas tudo contra a sua jaqueta que cheirava a mofo (alergia #27). Eu revesei os cheiros ruins mais uns 10 minutos, até que finalmente cheguei no meu destino. Algumas horas depois, minha mãe passou e me trouxe a identidade, que eu nem ia precisar, mas só viria a descobrir isso mais tarde.

Tudo isso pra assistir um show morno, desanimado e sem presença de palco. Gosto de Interpol e vou continuar gostando, mas por todas as regras quebradas, eu merecia um show melhor.

Apesar de tudo isso, foi um dia muito proveitoso. Bebi Heineken barata com o Laranja e o Tchelo e matei saudades. Depois Spawn e Muzzy passaram pra me pegar, encontramos o Binho e fomos pro show. De lá, pra casa do Rafão. Ri muito e aproveitei a noite inteira. Cheguei em casa 5h30, mortinha e com um sorriso no rosto. Mas o trajeto casa/savassi foi o inferno resumido em 40 minutos, o suficiente pra continuar acreditando nos meus princípios.

E é por isso que não adianta. Pode ser um jantar romântico com a pessoa da minha vida, a festa pela qual eu esperava há semanas ou qualquer coisa considerada importante. Choveu, eu não vou.


*Djavan é uma menina(?) MUITO feia que nós vimos um dia na parada rua e tivemos um grande trabalho pra descobrir se era homem ou mulher. Até hoje não tenho certeza.

quarta-feira, 12 de março de 2008

Formei-me em Publicidade. E agora?


Ironicamente, esse foi o primeiro livro que eu aluguei na faculdade, quando tinha acabado de ingressar.

Lembro como se fosse hoje. Meio sem saber por onde andar, resolvi ir à biblioteca, e me deparei com estantes enormes. Não que nunca tinha visto uma, mas não imaginava que existiam tantos livros sobre comunicação, de todas as cores e sabores imagináveis. E no meio desses muitos, olhei pra esse e gostei.

Confesso que foi esquisito, mas bateu uma vontade enorme de saber quais as expectativas de quem formava na área, se realmente valeria a pena. Digeri o livro em dois dias, não consegui parar de ler.

Hoje, se me perguntarem, não lembro de quase nada do conteúdo do livro. Porém, essa pergunta acaba de cair no meu colo. Chegou a minha vez de responder. Formei-me em Publicidade. E agora?

Há uma semana atrás, eu diria: agora eu não sei. Quem me conhece bem, sabe o quanto é esquisito pra mim ter formado tão nova. Estava com um milhão de medos. Medo de ter sido precoce demais, medo de não ter aproveitado o suficiente, medo da responsabilidade excessiva que vem por aí. Medo de ter ficado velha de forma precoce. Mas ele me disse algo que eu vou guardar pra sempre: "Formar não significa que você está velha, significa que você está viva".

E é por isso que eu respondo: e agora? Agora eu quero usufruir do que me foi passado nesses quatro anos de sufoco. Agora eu quero um emprego decente, escrever um livro, especializar em cinema, aprender um novo idioma, sair correndo na chuva, dormir durante 48h seguidas, sair do país, abraçar pessoas em elevadores, comer 1kg de mm's amarelo sozinha, fazer uma sessão cinema que dure um fim de semana inteiro, e todas as outras coisas que eu sempre quis fazer e o tempo não deixava.

No fundo, formar com 20/21 anos foi a melhor coisa que me aconteceu. Tem todo um mundo afora me esperando e idade de sobra pra explorar. Só precisava de alguém que me mostrasse isso. Agora que sei, vou aproveitar o tempo e começar pela chuva.

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Ps.: Esse texto era pra ser escrito há uma semana, mas parafraseando João Cabral de Melo Neto, "O amor veio e comeu todos os papéis onde eu escrevera meu nome." No meu caso, quem comeu foi o trabalho. Tinha um artigo pra fazer e não conseguia falar sobre mais nada. Mas o importante é que o post saiu. Atrasado e mal escrito, mas saiu.