terça-feira, 1 de dezembro de 2009

Do dia que eu quis te odiar.

Era uma sexta-feira. Sexta passada, pra ser mais exata. Eu, com medo da gente ficar quase duas semanas sem se ver, cancelei todos os meus compromissos só pra ficar perto de você. Só que aí se somou a minha pressa doida + a sua monografia e o que era expectativa se transformou num desencontro. E aí, no ápice da minha carência e dos meus hormônios descontrolados, achei que você não queria era fazer esforço pra me ver. E fui embora pra casa brava.

No ônibus, eu olhava pela janela suja e chorava de raiva. Voltei pra casa, me enrolei nos travesseiros e comecei a me coçar descontroladamente. E antes de finalmente adormecer, eu fiz uma promessa: amanhã eu vou te odiar, durante 24 horas.

Então no sábado eu já abri o olho repetindo pra mim mesma: "só por hoje eu te odeio". Acordei numa disposição louca, afim de fazer qualquer coisa que não fosse pensar em você. Decidi que mudar meu quarto de lugar seria uma boa saída. A cama, o armário, tudo. Trocaria todos os móveis.

Aí eu coloquei a discografia do Porcupine Tree na maior altura e comecei a cantar mais alto que o som, enquanto o meu quarto se transformava num mar de poeira e sujeira. Acessei meu email, procurei tudo quanto fosse programa pra fazer no sábado à noite com os meus amigos que acentuasse o meu ódio.

Acabando a troca dos móveis, era hora de lavar a roupa suja, no sentido literal da coisa. Fui separando o que estava limpo e o que não estava. E eu na minha mania besta de cheirar a roupa pra ter certeza que ela não está suja, caí na besteira de pegar aquela blusa branca. E constatei que não só ela estava limpa, como estava com o melhor cheiro do mundo. Um perfume que não era meu. O seu perfume.

Quase que automaticamente o meu celular apitou. Fui correndo verificar. Era uma mensagem sua perguntando o que eu estava fazendo. Sem pestanejar respondi desesperada: "nada, tou em casa, vem me ver". E você veio, lindo, cheio de abraços e beijinhos de presente, mesmo eu estando toda suja e descabelada por conta da mudança maluca. E o resto você sabe exatamente como foi.

Jogar meus planos estapafúrdios pelo ralo. Assim, sem nenhum esforço. Das coisas que só você faz.